Análise Social em Nietzsche, Freid e Foucalt

SUMÁRIO

Aprersentação
1. Considerações em torno da análise Social: Nietzsche, Freud e Foucault

2. O Poder Como Forma de Dominação;

3. A psicanálise do ser em si;

4. Bibliografia Consultada.




Apresentação

Através de um texto cartesiano, objetiva-se de maneira simples uma análise em torno do capital, da sociedade capitalista e do pensamento de Friedrich Wilhelm Nietzsche, Sigmund Freud e Michel Foucault. Pensadores com atuações diferentes na sociedade, mas que em síntese mostram-se coerentes em relação à abordagem dos meios, pelos quais o mundo pode e está sendo transformado.
Nietzsche (2001) aponta para os valores morais da sociedade e lança profunda crítica ao modelo tradicional de concepção da família que tem sua origem governamental centrada no pátrio poder, onde o responsável pela organização familiar é soberano sobre os demais membros. Destrói os mitos que condicionam o ser, esmerilha as falsas ideias de submissão e derruba a cultura do “pacto social na família”, ou seja, dar aos demais membros status, igualdade, dignidade e poder de escolha.
Para ele, um povo de cultura elevada deve subjetivamente dar ao homem duas câmaras cerebrais se assim quisesse fazê-lo provar do pensamento, em quanto conhecimento que transforma: uma para provar da ciência propriamente dita e outra para a não ciência; o seu pensamento leva todos a refletir sobre a vida num processo de transformação constante; a negar tudo que tira do homem o direito de viver o hoje em sua maior plenitude, sem afligir-se com o passado, nem se preocupar demasiadamente pelas coisas vindouras - o Devir; o resgate da pessoa humana em sua singularidade e essência; a valorização do homem independe de seu status, grau de escolaridade e posição social.
Para Sigmund Freud o meio social transforma a psique humana e esta por sua vez poderá reagir sobre o mundo no mesmo sentido e força intencional para transformá-lo. O aparelho psíquico em Freud é apresentado de maneira dialética: Id, Ego e Super Ego. Ao Id foi atribuída a parte primitiva da mente, ou seja, o instinto irracional que se manifesta sem a preocupação com princípios da moral e da ética; ao Ego foi atribuída a parte de equilibrar as pressões do Id e do Superego de forma racional e “consciente”. O Ego possui elementos conscientes e inconscientes que se conflitam para que uma decisão seja tomada e ao Superego foi atribuída a função de impedir a realização dos instintos e desejos do Id e através das regras, ética, valor e moralidade, age no Ego de forma a censurar o Id (instinto primitivo de sobrevivência). Dessa forma, pode-se perceber que o Id e o Superego são elementos inconscientes geradores de conflitos no Ego, e por sua vez, apresentam-se no homem como mecanismos cognitivos de transformação do social.
Nas ideias de Michel Foucault as pessoas, promotoras do meio social, fazem parte de uma rede de poderes, uma grande teia de influências, onde cada indivíduo atua num plano horizontal e não vertical. O plano horizontal apresenta o ser humano exercendo sua função, que é indispensável para o desenvolvimento social, Sem desníveis na organização das funções trabalhistas. As nossas ações podem mudar a vida de pessoas sobre as quais jamais chegaremos a conhecer, através da globalização das relações. Já o plano vertical é a forma de dominar através das hierarquias, criando políticas do “maior” para o “menor”.
A psique em Foucault é vista num consciente coletivo em que cada um, vigia e pune, sendo de igual modo passível de ser avaliado por esse mesmo crivo antropológico. Portanto, a partir de uma análise social e psicanalista, será apresentado neste livro um comparativo entre o declínio econômico e social em torno do cortejo final das coisas e da Sociedade capitalista.
Em fim espera-se que, com esse “sincretismo” de pensamentos, o leitor tome consciência do inconsciente coletivo e passe a transformar o mundo a partir do que ainda não foi pensado e não apenas pelo que já se pensou em relação ao ser e estar – O Devir.
Esp. Marciano Alves Correia

1. Considerações em torno da análise Social: Nietzsche, Freud e Foucault
Desde o surgimento do capitalismo, a supervalorização das coisas e a desvalorização do homem, é um aspecto notável e o mesmo tempo injustificável. O Sistema criado em torno do capital tem no comércio sua estrutura primária, porém se dermos uma olhada mais integral sobre ele veremos que não são apenas relações comerciais que sustenta essa base secular. Há, também, as relações de poder que aos poucos estão legitimando e capilarizando o direito de ser e estar no mundo, promovendo o fim do capitalismo individualizador.
Falar sobre o estado de ser das coisas, efêmeras, ajuda a elaborar a ideia da finitude da capacidade humana de valorizar a si mesmo. Porém, provoca desconforto, pois damos de cara com essa mesma finitude, o inevitável, a certeza de que o nosso modelo estrutural econômico sofrerá uma cisão irrecuperável.
Através do enfoque neoliberal nota-se que o vivo, economicamente, pode tudo e o “morto” não pode nada, já que teve sua vida produtiva interrompida, Foucault aponta para esse modelo vicioso e deixa claro sua insatisfação diante da injustiça social da desvalorização do ser em detrimento do objeto. Diante desta dicotomia, na qual os homens encontram-se coisificados e despreparados, incapaz de solucionar essa problemática sociais, vemos este aprofundamento teórico como uma forma de redimensionar “o cortejo final do homem capitalista” contribuindo para sua melhor compreensão. O não abandono dos nossos preconceitos, gerados por valores em torno das coisas, implica na sobrevivência da privação dos direitos sociais.
Influenciamos e somos influenciados pelos movimentos das machas dos que não tem seus direitos garantidos. Em contraponto, o foco dessa análise seria como o homem deveria lidar com o fracasso social; seus medos, suas angústias, suas defesas, suas atitudes diante da privação do ser e estar no mundo que segundo Nietzsche chama-se Devir.
O interessante é que com o surgimento do capitalismo século XVII, nasceu a promessa de “paraíso”, onde tais direitos poderiam estar sendo validados num meio provido de igualdades. É através de uma análise no modelo contemporânea do fazer social, fundado na procura do que é modal, que vemos a inevitabilidade da cisão abrupta da sociedade: o Capital e o Devir.
Por trás dos movimentos socioculturais há uma subjetividade, pela qual todos os partícipes alienam-se de maneira inconsciente e passam a fazer ações coletivas que determina hábitos, influencia o capital regional, caracterizando a consolidação da festividade e regionalizando a identidade cultural. Isso gera renda e como um ponto positivo é meio de manifestação das machas dos excluídos.
A análise psicológica, em torno do capital e das peculiaridades culturais, levanta várias questões intrapessoais: as coisas não o são sem o homem, portanto, tudo é capital, inclusive o próprio homem em si; justamente por intermédio dessa maneira de pensar que os valores alienáveis ganham ascensão e o seu poder de privação do estado de ser, acaba por provocar a coisificação; a “alienação subjetiva” e a massificação, ou seja, seu “direito” de pertencer a um meio social que estar em fase terminal do cortejo final.
A cisão final dos valores capitalistas pode ser encarada como uma válvula de escape, aliviando assim, a sobrecarga de injustiça social. Esses exemplos nos trazem uma ideia de continuidade em relação à queda do capitalismo, não sendo a mesma, considerada como um fim em si. Há aqui notória tentativa de controle sobre a morte de tudo que condiciona e alienia, o que facilita a integração psicológica, não havendo, portanto, uma cisão abrupta entre vida e morte do ser social. Isso sem dúvida aproxima o homem das mudanças socioculturais e econômicas com menor terror.
A total falta de controle sobre os eventos sociais teve seu reflexo também no enfraquecimento do poder centralizado, que não podia mais ser controlado pela burguesia como em tempos anteriores. Ao contrário, a queda de valores passou a viver lado a lado com o homem, como uma constante ameaça, a perseguir e pegar a todos de surpresa. Esse descontrole traz à consciência do homem desta época, o temor do novo a incompreensão das escolhas pessoais e por fim a extinção dos seus recursos comerciais, que estão se degenerando, pela ideia do direito burocrático econômico, ou seja, os dígitos bancários, as cartas de recursos e ações comerciais. O trabalho que produz as coisas deixou de ser foco e o valor das coisas como moeda corrente ganhou impulso econômico, passando a ser mercadoria, objeto de compra e venda, promovendo assim a digitalização do trabalho, enquanto ação sobre as coisas, e consolidando “para sempre” a coisificação das pessoas.
São cada vez mais intensas e velozes as mudanças sociais, expressas pelos avanços tecnológicos. O homem tem se tornado cada vez mais individualista, preocupando-se menos com os problemas da comunidade. Essas mudanças têm seu impacto na maneira como o homem lida com a coisificação dele mesmo, mercadoria alienada e sujeito ao um sistema em declino. Ele convive com a ideia de que uma bomba pode cair do céu a qualquer momento por razões comerciais. Não é de se surpreender, portanto, que o homem diante de tanto descontrole sobre a vida, tente se defender psiquicamente, de forma cada vez mais intensa contra a extinção do valor de seus recursos materiais. Diminuindo a cada dia sua capacidade de defesa intelectual atua, de várias maneiras suas defesas psicológicas (id) e ao mesmo tempo comete atrócidas injustiças para conseguir manter-se no auge do poder gerado pelo sistema. É nas neuroses obsessivas que a sobrevivência da onipotência dos pensamentos é mais claramente visível e que as consequências desse modo primitivo de pensar mais se aproximam da consciência (FREUD: 2000).
O que dar forças ao modelo obsoleto de sistema capitalista é o fato da nossa cultura não estar ciente da necessidade da humanização das ações, como fim das coisas, como parte da vida. É necessário vermos que quanto mais conscientes estivermos de nossas “mortes diárias”, mais nos preparamos para superar nosso modelo de concessão da sociedade desumana. Em fim poderemos estar negado nosso direito de ser quando nos privamos de matar a cada dia os valores que desregulam, desiguala e desumaniza a sociedade. Esse quadro atual nos revela a dimensão do individualismo, cisão dicotômica, que o homem tem feito entre o ser e o ter; Porém nos mostra também a queda dos valores que desvaloriza o ser em detrimento do ter, agora a busca incansável deve ser o afastar-se de tudo aquilo que priva o homem de sua liberdade inata, a saber, o direto de ter valor sem o prejuízo de seu poder aquisitivo, escolaridade, descendência familiar ou localidade que vive. Nietzsche (2001): indubitavelmente ser alem do bem e do mal.
O ser humano lida com uma concepção na consciência da finitude, na qual evitamos pensar. Para isto, temos que encarar o desconhecido. Mas no meio capitalista não há consciência da própria morte, nem há abandono, enquanto se tem bens de valor. Todas as etapas do desenvolvimento comercial são, na verdade, formas de protesto universal contra o acidente do cortejo final de tudo que tem valor comercial, inclusive da sociedade capitalista. Segundo Freud (2000) “ninguém crê no próprio declínio, inconscientemente, estamos convencidos de nosso sucesso”. O inconsciente não seria, portanto, uma realidade submersa, ou uma camada mais profunda do que a consciência. Ao contrário, sua realidade se mostra não apenas em nossos sonhos e sintomas, mas em nosso fazer social. Portanto também se manifesta na superfície. O mundo o é quando existe quem o idealize de maneira constante, a ponto de extraí-lo das ideias. Nessa conjectura social, segundo Foucault (2004) surge a microfísica do poder, capilarizando as relações sociais, numa teia horizontal, de influências e destruindo qualquer manifestação do modelo vertical individualista na sociedade. O poder não está no pacto social e nem nas mãos de um grupo ou país. Não se encontra isolado, ele é o objeto subjetivo de desenvolvimento integral da comunidade e possui em sua essência traços marcantes da vida em movimento. Por mais ínfimo que seja o indivíduo seu valor e seu poder influenciará no devir de todos.

2. O Poder Como Forma de Dominação

A Subjetividade do Poder - Foucault. O poder não pertence a nenhum grupo social específico, enganam-se os que pensam o contrário, pois existe uma rede subjetiva de contatos, influências e opiniões exercidas por todos na comunidade. Do mais rico aos mais humildes, todos os setores administrativos dependem.
As relações pessoais e familiares são consolidadas na transformação da vida de pessoas pela quais nunca chegaremos a conhecer, um exemplo é que ao exercer o poder de compra de qualquer produto numa determina empresa, poderemos estar ajudando na manutenção da vida de uma família no outro lado do mundo. Nossas ações podem modificam a postura de outros e até de grupos inteiros, portanto, o poder não deve ser visto como um bem passivo de apropriação, mas pertencente a todos que se interligam numa teia de forças econômicas e ideológicas.
O poder é dinâmico, e devido a esse fato, devemos ser observadores e nunca nos deixar ser levados pelas tendências do exercício de poder. Alem do mais há momentos que o poder imperando sobre as ações de apenas um homem transforma a vida de muitos. Confirmando o relato de San Tsu que diz: “hoje é mais difícil dominar um só homem do que todo um povo”.
Inconsciente Coletivo. Sigmund Freud. A hipótese de um inconsciente coletivo pertence àquele tipo de conceito que a princípio o público estranha, mas logo dele se apropria, passando a usá-lo como uma representação corrente. O inconsciente, em Freud, apesar de já aparecer, pelo menos metaforicamente, como sujeito atuante, nada mais é do que o espaço de concentração desses conteúdos esquecidos e recalcados, adquirindo um significado prático graças a eles. Assim sendo, o inconsciente é de natureza exclusivamente pessoal. Uma camada mais ou menos superficial do inconsciente é pessoal, denomina-se, portanto, inconsciente pessoal. Este, porém repousa sobre uma camada mais profunda, que já não tem sua origem em experiências ou aquisições pessoais, sendo inata. A camada mais profunda é o que chamamos inconsciente coletivo que tem sua expressão na cultura e nas festividades populares. Por exemplo, quem é o primeiro cidadão a chegar ao carnaval? O primeiro que acende uma fogueira á São João? Fatos costumeiros como esses caracterizam a forma pela qual o inconsciente coletivo se manifesta em nosso meio. Quem inventa moda será referência em si e nos outros. O vício de anular-se pelas ideias alheias é o que chamamos de “cultura”. Cultura nem sem sempre é sinônimo de conhecimento, quando sendo vista pelas tendências e praticada a serviço das necessidades pessoais e capitalistas. O importante aqui não é determinar a epistemologia da Cultura, mas o que ela determina no homem para que sua manifestação seja tão expressiva e presentes nas Machas Sociais de Conscientização. A validação dos nossos direitos é fruto de políticas públicas de atendimento que devem ser garantidos pelo Estado em parceria com a Família e a Sociedade Civil (Constituição Federal do Brasil/ 88). Porém, quando a “máquina” falha, as machas são ferramentas de conscientização e regularização do atendimento das necessidades sociais e humanas. Elas impõem a cultura; elas educam. São pedagogias em movimento.

3. A psicanálise do ser em si

A valorização de todo ser depende unicamente da importância das ações em torno das coisas. Trabalhamos uma vida pela própria valorização. O labor, em muitos casos, gera tamanho saldo que garante valores morais e comerciais às gerações familiares posteriores, esse comportamento social é fruto das relações numa sociedade capitalista, a saber, esta é a expressão inegável da pseudoconcerticidade (falsa realidade das coisas) mascarada pelo inconsciente coletivo e pela supervalorização das riquezas materiais.
o valor imediato das pessoas é inato.
Segundo o psicanalista Lúcio Packer (2011): mesmo que cada um tenha uma verdade própria, isso não quer dizer que a pessoa tenha o direito de fazer aquilo que lhe dá vontade sem ter de prestar contas por isso. E vale ressaltar aqui que o não reconhecimento do valor próprio gera conflitos internos, mas a indiferença ao valor dos outros abrange fatores internos quanto externos. Viver num ambiente onde a ética, a moral e a valorização do outro, não seja prioridade é alienador e prejudicial a todos desse meio de convivência.
As oportunidades factuais da atualidade, geradas pelas relações sociais, constroem estruturas e modelos de convivência que reclama e ao mesmo tempo contrapõe-se negando o devir. Para Nietsche a história das relações pessoais determinou do homem, para o homem uma imagem de si muito superior ao que ele consegue ser. É preciso tirar dele essa ideia de extremo antropocentrismo e levá-lo entender que a vida está presente ainda no pensamento, nas relações sociais e comerciais.


4. Bibliografia Consultada


ARTHUR. Schopenhauer. O Mundo Como Vontade e Representação – Livro IV. Arthur Schopenhauer (1788-1860) - Tradução: Heraldo Barbuy – Edição ACRÓPOLIS: 1818. Versão para eBook: eBooksBrasil.com. Fonte Digital:
br.egroups.com/group/acropolis/ - Copyright: Domínio Público;

C. G. Jung. O desenvolvimento da personalidade.Edição integral Título do original: Über die entwicklung der persönlichkeit" Tradução: Frei Valdemar do Amaral Revisão técnica: Dora Ferreira da Silva ISBN 85-332-0813-8;

CHEMAMA, ROLAND - Dicionário de Psicanálise Larousse, Artes Médicas, RS-1995;

FOUCAULT. Michel. Vigiar e Punir. Nascimento da Prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 29ª Edição - Editora Vozes – Petrópolis: 2004.


FREUD, SIGMUND, Obras Psicológicas Completas versão 2.0;

FREUD. Dr. Sigmund. Totem e tabu e outros trabalhos. Volume XIII.
LAPLANCHE E PONTALIS – Vocabulário da Psicanálise, Martins Fontes, SP-2000;

NIETZSCHE. Friedrich Wilhelm. Além do Bem e do Mal Ou Prelúdio de uma Filosofia do Futuro. Do Original Alemão: Jenseits Von Gut Und Böse © Copyright 2.001 by Hemus S.A.Todos os direitos adquiridos e reservada a propriedade literária desta publicação pela Hemus Livraria, Distribuidora E Editora S.A;

ROUDINESCO, ELISABETH - Dicionário de Psicanálise, Jorge Zahar Editor, RJ-1997.